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Perdeu, perdeu, Especialista! (ou O desafio dos profissionais de recursos humanos modernos)


De acordo com uma teoria aceita entre os antropólogos, o ápice da capacidade intelectual do ser humano aconteceu há muito tempo atrás, por volta de 13.000 anos A.C. Nesta época, os seres humanos eram definidos como caçadores-coletores, isto é, não plantavam e viviam perambulando pelo planeta terra atrás de comida.

Mas para isso era preciso usar muito o cérebro? Pode apostar que sim. Para sobreviver neste mundo, cada indivíduo precisava conhecer uma infinidade de informações sobre ciclos de crescimento de diversas plantas, características das estações do ano em diversos locais, pragas que atacam plantas em determinadas situações e hábitos de migração dos animais comestíveis e, muito importante, hábitos de alimentação dos grandes predadores. Estes mesmos antropólogos calculam que o cérebro do ser humano era 10% maior do que o que possuímos em média hoje.

Com o advento da agricultura, e a fixação em um único local, a era do "cada um por si" começou a acabar. A cada dia um número maior de pessoas passou a sobreviver conhecendo apenas os segredos de uma ou poucas espécies de plantas, bem como os detalhes do clima de um único local. Com o advento da revolução industrial, e de influenciadores como Henry Ford, a especialização do ser humano foi crescendo até nos transformarmos quase todos em pessoas que sabíamos tudo de quase nada.

Mas este jogo começou a mudar com a chegada do Google e do Youtube (sem merchandising!). O valor que era atribuído a uma pessoa de ter um conhecimento ou uma técnica específica, que poucos mais possuíam, está acabando. Hoje, qualquer um, usando um smartphone, pode acessar uma página e obter em minutos um conhecimento que há pouco era dominado por uma quantidade muito pequena de pessoas, ou então ver um vídeo onde se mostra, passo a passo, como realizar quase qualquer coisa que você possa imaginar, usando uma técnica dominada até há pouco por algumas poucas pessoas. É o fim do valor do especialista!

O valor de uma pessoa agora está mais ligado à sua capacidade de selecionar e integrar a infinidade de informações disponíveis do que de armazená-las em seu limitado cérebro. E isso afeta enormemente o processo educação atual e, também, o processo de seleção e treinamento de colaboradores em empresas.

O primeiro filtro dos candidatos a uma vaga, que muitas vezes era baseado na formação acadêmica, nos cursos que o candidato realizou ou nas empresas em que trabalhou, isto é, era baseado no conhecimento que aquele candidato aparentava ter, está fadado a ser inócuo, ou pior, a potencialmente eliminar de cara o candidato que seria ideal para realizar as complicadas integrações de informação necessárias para um profissional moderno.

Ainda afligindo os profissionais de recursos humanos, está cada vez mais difícil oferecer aos colaboradores treinamentos que efetivamente aumentem a capacidade de agregação de valor destes. Isto é, está cada vez mais difícil oferecer treinamentos que, pegando emprestado as palavras de um professor americano de contabilidade financeira, "agreguem algo em relação ao que está disponível no Wikipedia".

O desafio, portanto, está em desenvolver técnicas de seleção inicial e oferecer conteúdos de treinamento que detectem os potenciais e desenvolvam nos colaboradores estas capacidades de integração que são a chave do mundo moderno e que, se tudo der certo, pode fazer com que o nosso cérebro, um dia, iguale ou até mesmo ultrapasse aquele que os nossos colegas da era pré-histórica possuíam.

PS: Não acredite nem por um minuto no papo do Raul Seixas de que você é "um ser humano, ridículo, limitado e que só usa dez por cento de sua cabeça animal". (Nunca soube se tinha uma vírgula antes do animal :)). Dez por cento é a parte dedica à consciência. Os outros noventa por cento ficam com o inconsciente. Mas isso, como diziam lá em Sete Lagoas, é papo "pra mais de metro".

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