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Meritocracia nos olhos dos outros não arde!


De acordo com o dicionário, meritocracia significa "predomínio numa sociedade, organização, grupo, ocupação etc. daqueles que têm mais méritos (os mais trabalhadores, mais dedicados, mais bem dotados intelectualmente etc.)". Acredito que a maior parte dos colaboradores de uma empresa responderiam, se perguntados, que os colaboradores que tiverem mais mérito deveriam ser aqueles que seriam promovidos ou ganhariam aumentos. Também acredito que a maior parte dos empresários vai afirmar que, em suas empresas, a meritocracia é aplicada sempre.

Então está tudo bem, certo? Basta aplicar a meritocracia nas empresas e ficarão todos satisfeitos! Mas, como dizem, "é aí que a porca torce o rabo". Aplicar meritocracia não é fácil. Se fosse, seria aplicada em muito mais larga escala do que é.

O primeiro problema: julgamentos humanos são carregados de vieses. Por isso nunca gostei de esportes nos quais o resultado da prova depende sumamente dos olhos de quem julga: ginástica, salto do trampolim, etc. Sei que os jurados buscam utilizar critérios puramente técnicos para darem as notas, mas julgamento isento, de acordo com os psicólogos, só existe em sonho.

Então, a solução está fácil, não é? Basta utilizar a velha e boa matemática e tudo fica resolvido. Basta, como nas olimpíadas, premiar o mais mas rápido, que pula mais alto, etc. Nas empresas, a meritocracia (?) matemática é largamente utilizada nas áreas de vendas, através da comissão dos vendedores. Vendeu mais, ganha mais, simples assim. Mas quão confiável é a matemática? Não me interprete mal: sou um apaixonado pela matemática. Mas, tal como qualquer ferramenta, tem que saber usar.

Quer um exemplo? Vamos supor que uma empresa resolveu dar um prêmio de uma viagem a Cancun se algum vendedor conseguir ser o líder de vendas da empresa nos quatro trimestres do ano. Algo mais meritocrático que isso? Tudo certo? Tem certeza?

Vamos a um pouco de matemática. Vamos supor que sejam dois vendedores, A e B, e que um seja melhor do que o outro em uma margem de 20 pontos percentuais. Isto é, que, nas mesmas condições, A tem uma probabilidade de 60% de fechar uma venda e B tem 40%. Se alguém for para Cancun, será A, certo? Errado! Se 50 empresas fizerem isso, em pelo menos uma delas o vendedor B, que é o pior, ganhará de A em todos quatro trimestres e irá para Cancun! Se os resultados forem semestrais, a situação piora muito: em aproximadamente 8 das 50 empresas, o vendedor B, mais mal preparado, ganhará a viagem! Não acredita? Pode acreditar!

O que fazer então? Desistir da meritocracia? Fazer somente avaliações subjetivas? Jogar o cara-ou-coroa? Nada disso!

Meritocracia, assim, como muitas outras questões que envolvem a gestão de equipes e de pessoas nas empresas, não é nada fácil. Mas, acredite, dá para fazer. E, no final, ficará muito melhor do que aquele famoso clima de "só ganhou a promoção porque é puxa-saco do chefe" ou "só ganhou o aumento pois está dando bola para o diretor"! Meritocracia, baseada em números, julgamento, combinação dos dois ou outras possibilidades, vale muito a pena. Basta ter consciência dos buracos no caminho e procurar se desviar deles.

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