"A vaidade é, definitivamente, meu pecado predileto!" - O Diabo
Uma das minhas cenas preferidas no cinema foi protagonizada por Al Pacino no filme O Advogado do Diabo. Na cena final do filme, Al Pacino, protagonizando o diabo em pessoa, solta a frase "A vaidade é, definitivamente, meu pecado predileto!".
E de que formas a vaidade se manifesta? De todas as formas possíveis! Desde a mais conhecida e óbvia, que é a vaidade na forma de beleza física, até outras menos reconhecidas, como vaidade de ser uma pessoa culta, de ser bondosa, de cantar bem, de ser inteligente, de ser rico, de ser simpático e até a mais súbita de todas, que pode ser resumida na frase "Sou a pessoa mais humilde DO MUNDO!".
A vaidade não é invenção do ser humano. A juba do leão, a calda do pavão, o canto do sabiá e outras coisas do tipo já eram usados por outros animais muito antes do ser humano aparecer, e eram usados para atender o impulso mais poderoso da natureza: atrair o sexo oposto para perpetuar seus genes. Nós gostamos de pensar que já não somos mais primitivos como os outros animais e que temos comportamentos mais sofisticados, mas em relação às escalas de tempo da evolução as espécies começamos a nos diferenciar muito recentemente, sem qualquer tempo para termos tido mudanças genéticas importantes. Isto é, somos ainda controlados pelos mesmos impulsos que os nossos ancestrais que grunhiam e andavam de forma muito parecida com nossos primos macacos.
E no que isto se reflete nas empresas? É óbvio para qualquer um que trabalha em uma. A vaidade molda grande parte dos comportamentos dos colaboradores, desde o presidente da empresa até o responsável pela coleta do lixo. A vaidade corporativa provoca desde comportamentos prejudiciais à empresa, como a retenção de conhecimento ou a falta de ética na luta por uma promoção, até comportamentos que vão ajudar o crescimento da empresa, como um funcionário querendo fazer o melhor trabalho possível para impressionar seu chefe e ficar bem posicionado quando for pedir um aumento de salário.
Teóricos dos recursos humanos dizem que a maior motivação dos colaboradores (e eu tendo a pensar que a única sustentável) é aquela que vem de dentro deles, e não de incentivos promovidos pela empresa. Aumentos de salário, promoções, vagas de estacionamento, salas individuais e etc. possuem prazo de validade e muitas vezes bastante curto. Logo logo estes colaboradores se acostumam com estes incentivos externos e, na se não tiverem com suas motivações internas sendo atendidas, podem ter seu desempenho afetado de forma negativa. E não adianta pensar em outro incentivo externo, pois ele pode ter uma validade ainda menor, como podem atestar os viciados em drogas.
Resumo da história? Na minha visão, a função primordial de cada gestor em uma empresa é conseguir identificar a vaidade de cada colaborador, e usar seus meios e criatividade para fornecer a este colaborador oportunidades de atender à vaidade dele. Se for bem sucedido, terá uma equipe auto-motivada (detesto usar termos da moda, mas neste caso não consegui um substituto à altura) e poderá colher os frutos do trabalho de sua equipe para atender às suas próprias vaidades!
Cinismo? Simplificação de tema complexo? Pode ser. Mas, como já disse anteriormente e talvez seja o lema não institucionalizado deste blog, "Detesto conversar com quem concorda comigo!". Portanto, comente, discorde e discuta. Sempre que feita de forma educada e construtiva, a discussão engrandece os dois lados.
PS1: Este blog adora discutir o impacto de questões psicológicas nas empresas. Caso tenha interesse, veja, por exemplo, Narciso acha feio o que não é espelho (ou porque as empresas são "a cara" dos seus donos) e Diga-me com quem andas e te direi quem és (ou O mito do líder que leva as pessoas onde elas não queriam ir).
PS2: Nunca viu a cena do Al Pacino? Veja aqui: https://www.youtube.com/watch?v=3M68wcB6L0s)