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Porque o cocô de pombo cai e o modelo de negócios do Uber


Há quase um ano escrevi aqui um post sobre o Uber (veja O fim do Uber como ele é hoje) prevendo que a empresa não tinha futuro. E hoje volto ao tema, não porque o Uber está com problemas, mas motivado por uma reportagem da Folha de São Paulo em 09/02/2017. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, vou reproduzir a foto abaixo:

A foto mostra motoristas do Uber estacionados em um terreno baldio próximo ao Aeroporto de Congonhas, aguardando até 12 horas para conseguir pegar "uma corrida boa".

E qual a razão disso? É culpa do Uber?

Claro que não! Assim como a culpa de um cocô de pombo cair na sua cabeça não é culpa do pombo mas sim da lei da gravidade, a culpa neste caso é de uma lei muito conhecida no planejamento estratégico: a lei do lucro real.

Esta lei diz, resumidamente, que se em algum mercado não existe uma barreira de entrada significativa, o lucro real (lucro menos rentabilidade do dinheiro se aplicado em outro lugar) vai tender a zero. Parece coisa de nerd, certo? Mas não é. Traduzindo para o português: se um mercado for atrativo mas for fácil de entrar, não será atrativo por muito tempo, pois o número de competidores que entrarão no mercado crescerá até que a competição faça ficar ruim para todo mundo. Em algum momento competidores começarão então a sair do mercado e a margem real se estabilizá no zero.

É muito fácil entrar no mercado de ser um motorista Uber. Basta ter uma carteira de motorista, tempo disponível e um carro razoável (que pode ser emprestado ou alugado). Não é necessária nenhuma licença, e esse é o segredo do negócio do Uber, certo? Pois acho que também será a razão da sua queda.

Estes motoristas aí que aparecem sem camisa em algum momento perceberão que a coisa não está mais valendo a pena. Os carros estão se deteriorando e eles não conseguiram juntar dinheiro para trocá-los por novos. Vão insistir no Uber até conseguirem ter alguma opção melhor, o que depende da evolução da economia, mas isso é assunto para outro post.

É pedir muito que motoristas do Uber tenham noções de planejamento estratégico. Mas para mim é claro que se um negócio não é bom para todos, acabará não sendo bom para ninguém. Se está sendo bom para o Uber e os para os usuários mas não para os motoristas, é só uma questão de tempo até tudo ruir. Talvez o Uber aposte que antes disso os carro autônomos chegarão e os custos se restringirão ao carro em si, dando nova vida ao modelo. O tempo vai dizer se vai funcionar.

É arriscado falar mal de uma empresa queridinha de todos como o Uber. Mas algumas vezes as verdades incomodam mesmo.

PS 2: A reportagem da Folha de São Paulo pode ser encontrada aqui.

PS 1: Este blog é focado em Planejamento Estratégico e outros assuntos de gestão como Gerenciamento de Projetos. Mais posts sobre o assunto podem ser encontrados em Accretio).

PS 2: A reportagem da Folha de São Paulo pode ser encontrada aqui.

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